24.6.09

Obama on the phone.

No admirável "Lens" o blog fotográfico do New York Times, varias galerias de fotos de telemóvel do fotógrafo Shawn Rocco, um explorador empenhado das virtualidades imagéticas do seu fiel Motorola. Embora eu não seja um entusiasta da coisa, tal como nunca me seduzi excessivamente pelas pinholes, polaroids e derivados, as imagens de Rocco provam à saciedade o argumento, de que quem tem sentido visual, até com um saco de batatas fotografa.

Mas o mais bonito, é o video que mostra o fim de uma sessão foto com o então candidato a presidente Obama.
Mais interessante que a lata do bate-chapas que rapa do seu zigurulho para fechar a faena em grande estilo, é a completa impassibilidade de Obama perante a mudança de registo. Parece pensar: " A nice smile is all there is, come Nikon or Iphone".


22.6.09

Flanar no Chiado e mais duas vitimas em pleno Verão...

©paulo alexandrino
Quando numa manhã deste Junho montei a tenda no Largo de Camões para esta foto pedida pela Marketeer da Catarina Portas no seu belo quiosque, a coisa foi uma animação: saltaram logo a terreiro dois maluquinhos (presumo que pagos pelo turismo), um em registo mais ribombante, e outro, de telefonia debaixo do braço e fato completo, mais sereno.
Faziam o pleno com os alcoólicos que resfolegavam na base da estátua do Camões, entre garrafas partidas e poças de liquidos sortidos. Valeu na ocasião a olímpica calma da Catarina, e a táctica faz-de-conta-que-não-vês dos clientes que aguardavam para atacar um dos magnificos refrescos da CP.

Temos assim, que o cenário da "sala de visitas" do eixo Chiado-Bairro Alto, é: no Camões, o acima descrito; a dois passos, no Chiado, os tradicionais mendigos à porta da Igreja têm o seu espaço vital cada vez mais disputado por uma fauna de anarco-fricalhotos, acolitados por uns canídeos de má catadura, que se dedicam a uma série de actividades lúdicas cujo efeito mais notável é massacrar a paciência de quem passa. Um pouco mais a oeste, as paredes do Bairro Alto travam uma luta heróica com os Bansky de décima sétima linha que insistem em partilhar com o mundo o seu incompreendido talento. E para fechar com chave de ouro, é subir ao Miradouro do Alto de Santa Catarina, um caso de polícia a céu aberto e todos os dias repetido, numa das mais belas paisagens lisboetas.

Confesso que me faz uma enorme confusão como é que se deixa um centro histórico com a beleza que todos conhecemos chegar a este ponto. Até porque tenho a certeza que os nossos responsáveis autárquicos & derivados, são gente culta e viajada que sabe que o cosmopolitismo não tem (não pode) que andar de mão dada com a balda e o laxismo, para não dizer com o esterco e com a degradação mais deprimente. Então que raio?...

...com o Pedro Tochas a coisa foi uma limpeza. Também, gaita, era preciso azar, já que estávamos no meio do Alentejo...e malucos ali é coisa que não há.




























Catarina Portas para Marketeer / Pedro Tochas para Exame

©paulo alexandrino
mais retratos em www.pauloalexandrino.com

19.6.09

David Lynch, Fotógrafo. Kevin Lynch, Fotógrafo.















©David Lynch



Assim mesmo, Fotógrafos com F grande.

No nº 1 de 2009 da "Victor", a superlativa revista da Hasselblad (quem pode, pode), a vedeta convidada foi nem mais nem menos que David Lynch, o própriamente dito.
Ás duas por três e em jeito de aperitivo, um extracto;
"VICTOR: But you have more just than flowers. What about the portraits?
DAVID LYNCH: I photographed some flowers, than I took a kind of portrait, and afterwards my chicken head...
VICTOR:... your chicken head???"
...

E no nº 3 de 2009 um outro Lynch, Kevin Lynch (sem parentesco, pelo menos que eu saiba) apresenta um deslumbrante portfólio de lutadores, antes e depois do combate. A não perder no seu website aqui.

17.6.09

O anúncio da morte dos jornais é ligeiramente exagerado? It´s up to you, Boss.

Com a devida vénia, e em tradução livre, extractos do editorial de Graydon Carter na Vanity Fair de Julho:
"
Deus sabe que eu não sou de me queixar, e tenho a certeza que você também não, mas não começa a ficar um pouco cansado de estar sempre a ler sobre o passamento dos jornais - precisamente nos jornais? Não admira que os níveis de leitura estejam em baixo. Quem é que está com paciência para uma choradeira infinda sobre desgraças alheias quando a sua própria sorte está periclitante?" e mais adiante: "A minha sugestão para os jornais em toda a parte é que voltem a dar aos leitores uma razão para os lerem. Aqui vai uma ideia: agarrar uma boa história com apelo público generalizado, dedicar-lhe os seus melhores meios e recursos, dizer uma oração baixinho, e força, todos para a brecha."

Ou seja, tudo isto, multimédia, networking, plataformas cruzadas, multidisciplinariedade, é tudo muito bonito, mas sem a bela da historinha para encher o olho ao leitor, podemos todos ser muito modernos e "cost eficient", que não se vai passar muito disso. Carter segue com a análise do papel do "Daily Telegraph" de Londres no escândalo das despesas dos deputados que está a por a cena política inglesa a ferro e fogo. E avança com factos : "Apesar de a história ter sido dada em primeira mão no site, as vendas em banca aumentaram em 600 000 exemplares, o maior aumento em tempo de paz"

Moral do conto; se os estrategas da nossa imprensa, em vez de porem os seus jornalistas a fazerem de técnicos de audiovisual de opereta, voltassem a centrar-se no que deve ser o seu "core business", isto é, morder canelas, sacar histórias e dá-las à estampa, talvez o leitor agradecesse. E atrás do leitor talvez viesse aquela espécie tão apreciada, o anunciante.