16.8.09

Dos bons ventos dos casamentos.



Da esquerda para a direita; Luis Lorenzo Gallego, Danny Tam, Andrew Maccoll e João Carlos.


O corpo da produção fotográfica faz-se naturalmente através das contribuições de multidões de anónimos, dispersos por uma miriade de registos. Os por vezes irónicamente chamados "Bodas & Baptizados", são os representantes de um dos géneros mais perenes, com enorme contribuição para a construção do edificio da coisa fotográfica.
Depois de anos de relativo imobilismo em que a estética oscilava entre um academismo acabado e um pictorialismo kitsh á lá David Hamilton, o género, um dos que mais acompanha a evolução das sociedades, têm-se vindo a renovar. Ao incorporar referências visuais importadas dos campos do fotojornalismo (muito popular entre nós) e da moda, ganhou um novo folego com grande aceitação pública e assinaláveis proventos para os autores.
Sem nunca ter sido practicante, é um género que observo com gosto, sobretudo porque se destina a celebrar a vida, fixando momentos de uma felicidade ritualizada, que em alguns casos até é (lamentávelmente) o melhor momento de um casamento...

Para melhor ilustrar este post convido o leitor a visitar aqui a galeria de fotógrafos que a Hasselblad selecionou, para a edição 2009 dos seus prémios de excelência fotográfica "Victor", na categoria de "Wedding and Social".

E aonde está presente (ligeiramente off topic) o notável talento de João "Milkman" Carlos, fotógrafo Luso, cidadão do mundo e autor de multifacetada e estimulante produção.

Bons ventos e bons casamentos.

15.8.09

O cão, o cervo, e o marketing nacional.








































©paulo alexandrino


No seguimento do relato dumas férias gaulesas, não resisto a partilhar uma "petit histoire", que remete para a imagem com que Portugal ainda é percebido por aquelas latitudes.
Em périplo pela Bretanha, as minhas inelutáveis tendencias burguesas arrastaram o agregado familiar para uma estadia no aprazivel dominío de Guiguilfin, nas cercanias de Quimper. No coloquial pequeno almoço que se seguiu á pernoita, o nosso anfitrião, um simpático e ultracivilizado sexagenário, conseguiu proferir umas sinceras opiniões acerca do humilde Portugal, através da eloquente comparação entre uns pedreiros portugueses que em tempos houvera contratado, gente da maior doçura e maneabilidade, apenas algo imprevísivel nos humores, e que contrastava vivamente com uns outros operários espanhóis, de um trato muito mais rebervativo.
Retorqui com elegante sugestão de visita ao Vale do Douro, onde o senhor de Guiguilfin se poderia hospedar em propriedades que não desmerciam da sua, e onde seria acolhido com pelo menos igual fidalguia. A esposa do senhor, percepcionando uma surda gaffe, alinhou um discurso acerca duma qualquer estátua de um cervo, importada da Polónia, e a coisa continuou em amena cavaqueira.
Fiquei a remoer que a projeção cultural e económica dum país depende fatalmente da sua imagem percebida, e com dúvidas que as nossas autoridades máximas tenham nesse campo uma estratégia eficaz nos mercados internacionais vitais.

E ainda, confesso com vergonha, ter pensado que caso viajasse em regime de autoférias, não me faltaria vontade de empalmar a "Phoebus", a cadela do senhor de Guigilfin, que como qualquer fotógrafo sabe, nem sequer é raça Bretã, antes um Braco de Weimar, estirpe alemã, celebrizada pelo grande
William Wegman. Era a questão da fama e do proveito, e lá contribuia eu para o desgraçado marketing nacional.

Em cima, o cão, o cervo e o domínio.