Depois & Antes; À direita, António Sérgio por Rita Carmo, 1993. À esquerda, intervenção de "Sardine&Tobleroni". Condições de venda: «framed, 72 cm x 102 cm (including frame), selling price EURO 2.000 (April 2008). Note that prices might go up while paintings are on tour.»
A fotógrafa Rita Carmo (Leiria, 1970) é uma profissional que faz a sua carreira na documentação da cena músical nacional. Conquistou pela sua qualidade e seriedade merecido destaque no meio, como fotógrafa residente do "Blitz" (para o bem e para o mal o nosso New Musical Express), pela sua colaboração com inúmeras bandas, e ainda pela obra publicada, com relevo para o seu "Altas Luzes".
O "modus operandi" destes talentos assenta na práctica (mais que estafada) da época áurea da Pop Art que consistia grosso modo na assunção que toda a produção visual e iconográfica contemporânea seria do domínio público. Assim, e por decisão unilateral, qualquer intervenção plástica à posteriori, transfigurava a obra original numa "coisa" nova, pelo que se considerava convenientemente extripada de qualquer direito autoral a sua matriz primeira. Tal práctica de atropelo ético, vulgo gamanço, quando aplicada por talentos visuais alucinatórios como Andy Warhol e demais troupe produziu os resultados conhecidos. Quando os talentos são sómente alucinados, temos como no caso em apreço, apenas um pastiche preguiçoso que visa construir a sua capitalização sobre o esforço alheio. Naturalmente que, legalismos à parte, a cada um o seu ponto de vista, pelo que convido o leitor a, observando o díptico acima, aferir das diferenças entre o antes e o depois, e da justeza da "elevação" do documento fotográfico à condição de "obra artística."
De notar que no video da reportagem da vernissage brilha, entre vários, Miguel Ângelo (o dos Delfins, não o outro) a explicar embevecido o monumento que honra a sua banda. Interrogo-me de como reagiria ele se ao entrar num elevador, ouvisse os acordes de uma das suas imortais cantigas samplados num qualquer "Muzak" sem que para tal tivesse sido ouvido nem achado.
De facto a necessidade aguça o engenho. E uma desgraça nunca vem só.