Willy Ronis , Le Nu Provençal, Gordes 1949
É opinião muito difundida nos meios da arte, que a natureza excessivamente democrática da práctica fotográfica a condena ao estatuto de arte menor. As derivas do media que obtêm mais valorização galeristica, das encenações de Cindy Sheman e Jeff Wall, até toda a panóplia de cruzamentos interdisciplinares correntes e passados, parecem validar esta tese, no que configuram de tendência de fuga de grande parte dos artistas fotógrafos á matriz genética mais elementar da fotografia, ou seja a sua capacidade de suspender de forma espontânea um dado momento no tempo e espaço.
Um dos mais extraordinários e puros executantes desta maneira fotográfica descomplexada, o francês Willy Ronis deixou-nos esta semana, depois de uma vida longa e cheia. Dele fica um legado notável de "instantes decisivos", públicos e privados, muitos deles esssenciais para entender uma parte importante da história de um país (a França) num momento traumático (o pós-guerra) da sua história.
Para mim, e certamente para muitos outros, a sua fotografia de que nunca me vou esqueçer é esta " Nú na Provença" de 1949. Pouco sei das suas circunstancias, e mais não quero saber. Sei que é um dos mais belos poemas de amor e desejo que já vi, e sobre o qual há muito construí a minha própria história.
E que gosto de pensar que se Ronis pudesse escolher um momento para levar para o céu dos fotógrafos, seriam estes 60 ou 125 avos de segundo do século passado.
Abençoadas coisas simples.
Sem comentários:
Enviar um comentário